A Vida na Pós-Pandemia

Desde março muito tenho lido sobre a vida das empresas e dos mercados na pós-pandemia. Devo ter guardado nada menos do que uns 50 estudos relacionados ao tema super bem elaborados, com belas construções gráficas de resultados de pesquisas e entrevistas com lideranças. Em resumo, são muitos dados coletados, muitos diagnósticos traçados e poucas informações preditivas. De uma certa forma, cada um deles convida a que o leitor aprofunde o tema e tire de algum jeito suas próprias conclusões.

Não satisfeito com essa fonte de conteúdo, procurei participar de eventos online como um caminho alternativo para angariar informações mais concretas sobre a pós-pandemia. Igualmente fui a exaustão na ideia de assistir e acompanhar webinars e lives a respeito do tema. Eventos locais, nacionais e internacionais. Foi possível questionar palestrantes e buscar a partir das perguntas direcionadas algumas ideias de tendências.

Após esse período, resolvi dar um tempo nesse tipo de conteúdo. Afinal foram 6 meses submerso na compreensão desse novo universo. Procurei voltar as minhas atenções para um tema que eu gosto muito: os fundamentos de uma análise de dados. Nesse sentido, a renovação da leitura e dos estudos promovida por mim no meu dia a dia naquele momento foi muito importante para conectar alguns elementos, para visualizar novas perspectivas e ajudar a quem sofre da mesma angústia que eu.

Se não vejamos, todos nós sabemos que estamos vivendo uma nova realidade no ambiente de negócios e das relações. Todos acompanham por experiência, por dados e por osmose esse novo contexto. O que talvez nem todos saibam ou acreditam é o quanto dessa nova realidade veio para ficar e o quanto é transitória. Esse é o cerne da reflexão da pós-pandemia. Essa é a grande questão que por um lado motiva alguns e por outro tira o sono de muitos. Podemos debater esse assunto por muitos artigos e por mais consistentes que sejam os meus argumentos, com todos os devidos fundamentos, ainda assim representa uma visão pessoal, com alguma base de dados, mas por vezes distante da realidade de você leitor, tal qual me senti lendo os estudos que li e os webinars que assisti ao longo desse tempo.

Não quero com isso desqualificar os estudos e os eventos dos quais participei. Ao contrário, ganhei muito conteúdo com eles. A minha avaliação é que não existe verdade absoluta e situações postas. É preciso construir uma massa crítica a respeito desse tema. E nada melhor do que cada um exercitar isso, como forma de fortalecermos as percepções e transformarmos aquilo que é dado em informação e quiçá em conhecimento. Afinal de contas, o evento pandemia diz respeito a todos e não só a quem o estuda.

Assim, procurando contribuir com esse vácuo analítico, e me esforçando para trazer pessoas para o campo da análise, arrisquei em construir um modelo de avaliação de um cenário preditivo para a pós-pandemia. Confesso que o que eu mais senti falta não foram dos dados. Os dados existem e estão aí disponíveis. O que senti falta mesmo é de um método simples e fácil, onde cada um possa rapidamente construir uma matriz de análise e com isso construir um cenário preditivo customizado a sua realidade. Onde cada um consiga projetar a pós-pandemia no seu ambiente de negócios e, se assim desejar, cruzar essa leitura autoral com outros colegas como forma de enriquecer ainda mais seu estudo.

Vamos retornar a questão central e aplicar o método.

Numa visão geral, sem entrar no detalhamento neste exercício, o que não impede que seja feito pelo leitor, as mudanças promovidas pela pandemia vieram para ficar ou são temporárias? Estruturar uma resposta a esse questionamento pressupõe decupar a reflexão em outras perguntas, quais sejam: as mudanças trouxeram benefícios concretos e tangíveis às organizações? As mudanças foram benéficas para o mercado consumidor? Por quanto tempo ainda vamos conviver com essas mudanças considerando as quantidades de ondas de contágio a que estamos submetidos e a demora dos efeitos de uma vacinação em massa? Poderíamos a partir daqui elaborar outras perguntas, mas vamos ficar com essas três que a meu ver são chaves para o desencadeamento do método. Como primeira ação do exercício de aplicação do método podemos listar tantas e quantas mudanças vislumbramos desde março de 2020. Sejam macro mudanças (e seria interessante separar dessa forma) como o home office, a aceleração do ecommerce e em especial do eservice (telemedicina, sessões de terapia, consultoria, etc) e o boom do delivery (de produtos e serviços), sejam micro mudanças ocorridas na realidade de cada um de nós como passar a cozinhar todo dia, aglomerações virtuais e a reconexão com a casa e com a família de uma maneira muito diferente do que era antes. A ideia aqui no artigo não passa por ser exaustivo na listagem e na descrição, mas sim exemplificar para que o leitor possa capturar a aplicação do método.

A partir daí é possível qualificar cada uma das mudanças relacionadas pelas perguntas já citadas, como por exemplo, o home office foi benéfico para as empresas? Se sim, há uma boa chance de se consolidar como uma mudança que veio para ficar. E essa tendência encorpa ainda mais se também foi benéfica para os colaboradores das empresas, sem nenhum tipo de perturbação na relação com os consumidores. E torna-se ainda mais forte quando avaliamos por quanto tempo ainda irá perdurar essa prática.

E assim sucessivamente, cada mudança passa pelo crivo das perguntas. Quanto mais perguntas estrategicamente formuladas fizermos, mais assertivo seremos na definição da intensidade da tendência.

Essa lógica ajuda a tangibilizar a ideia de tendência, uma vez que ela está ancorada na avaliação daquilo que tem valor para os agentes envolvidos e ancorada na curva de experiência dos mesmos agentes. Quanto mais valor tem e quanto maior a curva, mais forte a mudança se consolidará como algo que veio para ficar. Por outro lado, quanto menor o valor e menor a curva tanto mais leve será essa tendência, e talvez seja uma mudança temporária. Essa matriz pode facilmente ser adaptada a qualquer realidade empresarial e a qualquer setor produtivo.

E o bacana diante de uma construção como essa é poder trocar com colegas, dando maior amplitude e consistência para a análise e assim todos olharem e acreditarem nas mesmas perspectivas.      

Com esse fechamento do modelo eu exemplifico para vocês um pouco daquilo que a NR Lidera business intelligence ambiciona em realizar: ajudar as empresas a encontrar caminhos e soluções em meio a cenários conturbados.

Faça uso desse método, exercite e se quiser trocar ideias escreva para nós e nos conte.

Renato Mesquita

Co-founder | Head de Inteligência

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